12.22.2010

LAMENTAÇÃO POR UMA CRIANÇA

SENTIR COMO SUA A FOME DOS OUTROS

Dizia João Paulo II: «Sim, amados irmãos e irmãs, peco-vos que volvais a atenção para este escândalo da mortalidade infantil, cujas vítimas diariamente se contam às dezenas de milhares.
Há crianças que morrem antes de terem visto a luz do dia, outras não têm senão uma breve e dolorosa existência encurtada por enfermidades que, no entanto, hoje, seria fácil evitar.
«Inquéritos sérios mostra que nos países mais cruelmente provados pela pobreza é na população infantil que se que se regista o maior número de mortes por desidratação aguda, parasitas, água contaminada, fome, falta de vacinação contra as epidemias e até mesmo por
falta de carinho. Em tais condições de miséria, grande número de crianças morre prematuramente; outras ficam de tal maneira afectadas que o seu desenvolvimento físico e psíquico resta comprometido, a sua própria sobrevivência se torna precária e encontra-se numa situação de desvantagem, para terem um lugar na sociedade.
«As vítimas desta tragédia são as crianças que nascem em situações de pobreza, que com muita frequência resultam de injustiças sociais; e são as famílias que carecem dos meios necessários e que ficam feridas para sempre pela morte precoce dos seus filhos».
A estas dolorosas palavras do Papa, que têm a sublinhá-las a indiscutível autoridade de quem as subscreve, que comentário se poderá acrescentar que traga algo de novo?
As estatísticas falam por si. O mal da desnutrição é tal que «nos últimos doze meses morreu, no mundo em vias de desenvolvimento, um número de crianças equivalente a toda a população com menos de 5 anos dos Estados Unidos».
Visto este quadro à escala europeia, é como se tivesse desaparecido a população conjunta menos de 5 anos da Grã-Bretanha, França, Itália, Espanha e República Federal da Alemanha. Esta a conclusão estatisticamente fundamentada pela UNICEF sobre o «Estado Mundial da Infância» em 1984.
Todavia, continua por responder, por parte das grandes potências às quais foi dirigida, uma carta de Raul Follereau, apelando à razão dos grandes responsáveis pelo governo e equilíbrio mundial, lembrando-lhes a urgência de se fazer incidir sobre acções de resgate e de promoção humana o dinheiro que diariamente se consome em gastos de natureza militar e bélica.
E lembrava-lhes algumas cifras mais contundentes:
- O preço de um avião equivalente aos gastos de 2 anos e meio da Caritas em leite, assistindo 395.300 crianças e 73 mil adultos, só em Portugal e Regiões Autónomas;
- O dinheiro de um submarino atómico daria para construir 30 mil casas de renda económica;
- Um porta-aviões alimentaria com o seu custo 400 mil homens durante um ano.
E assim por adiante.
Também o Papa falou recentemente do mesmo problema, apelando aos «grandes» do Mundo para que façam reverter em favor dos desprotegidos os orçamentos destinados a armas sofisticadas, dizendo que não basta fazerem-se acordos para a diminuição dessas armas, mas é urgente que os orçamentos contemplem mais a situação social dos povos do que as estratégias de guerra.
A esse apelo, juntou João Paulo II a sua Mensagem Quaresmal para o ano de 1988, chamando mais destrinçadamente a atenção para o drama das crianças, às quais, seja qual for a sua etnia, situação humana ou problemática existencial, elas são todas um pouco filhas de todos nós.
Há que sentir como nosso o drama de todas elas.
E não resistimos à tentação de reproduzir para os nossos leitores o recorte que com a devida vénia fizemos da revista «Além Mar», uma publicação que merece bem figurar no quadro de honra da nossa Comunicação Social, não só pelo realismo dos seus temas como pela elevação estatística do seu tratamento.

Joaquim Carlos
(Jornalista)

NB: Este conteúdo foi transcrito do jornal "Correio da Manhã" datado do dia 13-02-1988, que não me passou despercebido quando procurava localizar alguns documentos na minha Biblioteca.
A imagem que documenta esta reflexão é na verdade incomodativa,  chocante, devia envergonhar-nos a todos, funcionar como um alfinete espicaçando as consciências mais bem formadas, se é que ainda existem onde a indiferença  neste mundo reina cada vez ... continua a ser actual porque pouco ou nada mudou ou vai para melhor.

Um comentário:

  1. Obrigado amado pelo carinho por nos visitar e acompanhar nosso blog e com muito amor em Cristo o soúdo.

    A Paz do Senhor

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